Rondonistas relembram trajetória do projeto que integra acadêmicos e comunidade

Imagem: Pioneiros do Projeto Rondon foram homenageados por proposição do deputado Onevan de Matos
Pioneiros do Projeto Rondon foram homenageados por proposição do deputado Onevan de Matos
11/07/2017 - 22:28 Por: Fabiana Silvestre    Foto: Victor Chileno

Já se passou meio século desde que os pioneiros do Projeto Rondon desbravaram lugares até então pouco explorados do Brasil levando atendimentos diversos, especialmente em saúde, a famílias em situação de vulnerabilidade. A trajetória do projeto e de personagens que marcaram essa história foi relembrada durante sessão solene na Assembleia Legislativa, na noite desta terça-feira (11/7).

Ao todo, 23 pessoas foram homenageadas com o Diploma de Honra ao Mérito Comemorativo dos 50 anos do Projeto Rondon, por proposição conjunta do 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, Onevan de Matos (PSDB), e da Associação Estadual dos Rondonistas de Mato Grosso do Sul.

"Trata-se de uma iniciativa nobre, um trabalho social que ajudou a integrar o nosso País, que tem dimensões continentais e necessidades diversificadas, levando desenvolvimento e bem-estar à população", afirmou o deputado Onevan. Ele ressaltou a importância da parceria entre educadores, acadêmicos e as Forças Armadas, que oferecem o suporte logístico às ações. Lembrou que a iniciativa cria oportunidades para que os estudantes vivenciem o que estudam e para que as famílias assistidas recebam os atendimentos que precisam.

Também informou que atualmente o Projeto Rondon integra diversas pastas do Governo Federal, como os Ministérios da Defesa, Educação, Desenvolvimento Social e Agrário, Saúde, Meio Ambiente, Integração Nacional, Esporte e a Secretaria de Governo da Presidência da República. Além disso, ampliou a atividade acadêmica para outras áreas do conhecimento.

Segundo a professora Marilena Dias Barreto dos Reis, presidente da Associação Estadual dos Rondonistas, faltam investimentos para ampliar as atividades do projeto, que originalmente foi criado para proteger a Amazônia a partir da integração do País. O lema dos rondonistas é "Integra para não Entregar". Com o passar do tempo, as atribuições foram sendo ampliadas e também contribuíram para o conscientizar a juventude. "E o que queremos para o futuro? Jovens fiéis aos seus direitos e que cumpram os seus deveres sociais", disse.

"É o mais importante programa de inserção dos universitários na vida brasileira", afirmou o coronel Nylson Reis Boiteux, um dos homenageados da noite, que defendeu os valores cívicos e morais como essenciais para o bom convívio social. Discursando em nome dos rondonistas pioneiros, o médico Alex Bortotto lembrou das experiências vivenciadas.

"Fizemos a diferença quando abdicamos das férias escolares para conhecer a realidade dos mais diversos rincões do Brasil, buscando melhorar a vida das pessoas. Trouxemos sábios ensinamentos de pessoas simples e fizemos amigos", disse.

Já o professor José Reinaldo Teixeira falou do legado do Marechal Rondon. "O projeto é uma tocha de brasilidade e, como dizia Rondon, segundo meu pai, que foi amigo dele, 'morrer se preciso for, matar nunca'. Vamos fazer morrer a nossa vaidade, a nossa preguiça, e vamos fazer com que jamais matemos este grandioso projeto", concluiu (veja a lista completa dos homenageados clicando aqui).

Cândido Mariano da Silva Rondon, o Marechal Rondon (1865-1958), foi militar e sertanista brasileiro. Idealizou o Parque Nacional do Xingu e foi diretor do Serviço de Proteção ao Índio. Entre as inúmeras conquistas do marechal está a implantação de telégrafos no leste e sul do Mato Grosso, o que possibilitou a interação entre os estados de Minas Gerais, Goiás e Rio de Janeiro com a região. Antes disso, para alguém do Mato Grosso entrar em contato com o Rio de Janeiro, por exemplo, era preciso navegar o Atlântico, passar pelo Rio da Prata e subir o Rio Paraguai. Não existiam estradas, nem outra forma de comunicação rápida.

História

Desenvolvido pelo Ministério da Defesa, em parceria com governos estaduais, municipais e Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas, o Projeto Rondon contribui para a formação do jovem universitário como cidadão e para o desenvolvimento sustentável nas comunidades carentes. A primeira operação, também chamada de Operação Piloto ou Operação Zero, realizada em julho de 1967, contou com a participação de 30 alunos e dois professores da Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro), da Universidade Federal Fluminense e da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Funcionando até 1989, e retomado a partir de 2005, o projeto realizou 76 operações, em 1.142 municípios de 24 unidades da federação, com a participação de 2.170 instituições de ensino superior e 21.436 rondonistas, alcançando cerca de 2 milhões de pessoas. Em função da grande cobertura territorial, o apoio das Forças Armadas é indispensável, proporcionando o suporte logístico e a segurança necessários às operações. Em 2016, 604 rondonistas desenvolveram ações em 29 municípios do Maranhão, Mato Grosso, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Outras informações podem ser obtidas no site oficial do Projeto Rondon: http://www.projetorondon.defesa.gov.br/portal.

* Com informações do Ministério da Defesa.

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