Audiência debate vantagens competitivas dos recursos hídricos em MS

Imagem: Audiência ocorreu no plenário Júlio Maia e discutiu o uso sustentável da água em Mato Grosso do Sul
Audiência ocorreu no plenário Júlio Maia e discutiu o uso sustentável da água em Mato Grosso do Sul
15/04/2015 - 17:29 Por: Fernanda Kintschner    Foto: Wagner Guiamarães

A falta de água em estados do Nordeste e do Sudeste é assunto recorrente no País e tem preocupado a população. Em Mato Grosso do Sul ainda não há crise, mas o planejamento do uso sustentável é imprescindível para que isso não aconteça.

O tema permeou a audiência pública Vantagens Competitivas dos Recursos Hídricos promovida na tarde desta quarta-feira (15/4) pela Assembleia Legislativa, por proposição dos deputados Paulo Corrêa (PR) e Barbosinha (PSB).

“São Paulo está em estado de emergência. Em Mato Grosso do Sul temos uma grande riqueza de águas, por isso essa audiência para ajudar a pensar sobre políticas públicas e outras formas para atrair empresas para cá. Porém é preciso trazer empreendimentos com consciência ambiental e social”, afirmou Paulo Corrêa.

A audiência contou com a palestra da professora da UFMS (Universidade Federal Mato Grosso de Sul), Synara Broch. “Temos potencialidades desde nossos córregos até águas subterrâneas para um enorme desenvolvimento, mas é preciso planejar para que, a grosso modo, ‘tiremos o leite sem matar a vaca’. Temos água em quantidade e qualidade para ser usada, mas é preciso manter esse recurso e temos que começar a gerenciar agora”, ressaltou.

Participante do evento, o diretor-presidente da MS Gás, Rudel Trindade Junior, destacou que o uso do gás natural pode ser uma alternativa para a economia de água nas empresas. “Usar o gás é uma opção para a redução de consumo de energia elétrica gerada a partir das hidroelétricas. Por ser limpa e barata muitas indústrias no Estado já usam, mas ainda buscamos mais visibilidade para atuar ainda mais nesse momento de crise da água”, disse.

Para o deputado Barbosinha, Mato Grosso do Sul tem que aproveitar o Aquífero Guarani - formação geológica que armazena água subterrânea, presente em 213.700 km² do Estado. “Temos o aquífero com enorme potencial a ser explorado. Com parcimônia poderemos conseguir aliar aos interesses econômicos”, afirmou.

Segundo os proponentes, da audiência um documento será formulado e enviado para o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), para que abra caminhos para investimentos.

O secretário de Estado de Infraestrutura, Ednei Marcelo Miglioli, afirmou que o governo estadual está sensível a essa demanda. “Com o novo modelo de gestão o governo já deixou claro com a criação da Semad [Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente] que pretende aliar crescimento com sustentabilidade”, frisou.

O diretor-presidente da concessionária Águas Guariroba, João José Fonseca, e o empresário Eduardo Folley Coelho, proprietário da RPPN (Reserva Particular do Patrimônio Natural) Fazenda Cabeceira do Prata, localizada em Jardim, também palestraram. Folley relembrou a lei estadual 1.871 de 1998, que proíbe as atividades agrícolas às margens dos rios da Prata e Formoso.

A norma ficou conhecida como “Lei das Águas Cristalinas” e estabeleceu formas de conservação da natureza, proteção do meio ambiente e defesa das margens dos dois rios e seus afluentes. Com ela, os empresários devem respeitar uma faixa de proteção de 150 metros de largura para cada lado das margens dos rios, proibindo também nessas localidades atividades de extração de madeira, instalação de indústria de qualquer tipo e porte, extração mineral de qualquer substância e criação de pequenos animais, além da pesca com petrechos.
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