<P>Preocupado com a saúde e o bem-estar da população sul-mato-grossense, o deputado estadual Maurício Picarelli (PTB) encaminhou à mesa da diretora da Assembléia Legislativa um Projeto de Lei que visa instituir o uso obrigatório de selos higiênicos na área externa das embalagens de bebidas em lata para evitar contaminação e transmissão de doenças. </P><P>“O objetivo do selo é oferecer ao consumidor mais segurança em relação a possíveis microorganismos que possam estar contaminando a lata no momento em que a bebida for ingerida, evitando assim a transmissão de doenças. O selo é moldado sobre a tampa da lata com uma cola “alimentícia”, que não causa danos à saúde, caso seja ingerida”, explicou Maurício Picarelli em sua justificativa. </P><P>Especialistas da saúde defendem a iniciativa de proteger a área da embalagem que terá contato direto com a boca do consumidor como medida de reduzir as probabilidades de contaminação e asseguram: “trata-se de uma questão de segurança alimentar”. Para o professor Renato Geraldo Filho, titular da cadeira de microbiologia da Universidade do Rio de Janeiro (Uni-Rio), por exemplo, “o perigo de transmissão de doença pelas latas, que ficam expostas a diferentes condições e são colocadas em contato com a mucosa da boca existe. Quando alguém bebe o conteúdo da lata também ingere os microorganismos ou as substâncias químicas que, porventura, possam estar próximos ao orifício da embalagem. As latas têm um sulco por toda a borda que funciona como um depósito de microorganismos”. </P><P>O professor explica ainda que o problema torna-se mais grave quando as latas são consumidas em estabelecimentos comerciais, já que nem sempre há a preocupação de lavar as embalagens, o que é recomendável, antes de colocá-las no refrigerador. Segundo Renato Geraldo, as doenças que apresentam maior possibilidade de transmissão são as causadas por bactérias. A mais grave é a leptospirose, que é transmitida pela urina de ratos e tem grande potencial de contaminação. Sobretudo, em razão das características de armazenamento do produto, que, em geral, fica em estantes de supermercados ou em armazéns. Além disso, segundo o microbiologista, as bactérias do tipo enteropatogênicas, ou seja, que causam doenças no intestino, também podem contaminar as latas. Um tipo comum é a Salmonela, bactéria que causa a Salmonelose, infecção intestinal seguida de febre e vômitos. </P><P>O deputado Maurício Picarelli acredita que após a devida divulgação das medidas, o consumidor vai rapidamente incorporar o selo como característica indispensável e passar a exigir que todos os produtos venham com este mecanismo de proteção. Aliás, “o consumidor já está mais exigente”, afirma Picarelli. “Há alguns anos, a possibilidade de contaminação era desprezada. Hoje, é comum ver pessoas limpando a lata com guardanapo antes de beber”, comenta. </P><P>Atento às novidades da tecnologia e comércio, Maurício Picarelli informou ainda que já foi registrada a aquisição de uma máquina rotuladora por uma empresa brasileira: A Cervejaria Petrópolis, sediada no interior paulista, dona das marcas Itaipava e Crystal, que é a primeira, no mundo, a tomar a iniciativa. </P><P>Segundo matéria publicada no Jornal do Comércio - www.jornaldocommercio.com.br - o selo, feito de lâmina de alumínio flexível, é moldado sobre a tampa da lata com uma cola "alimentícia”. O projeto da máquina rotuladora foi feito em parceria entre a Cervejaria Petrópolis com a Krones e teve início há mais de 20 meses. Apesar de a tecnologia ser alemã, a máquina foi desenvolvida para uso em latas no Brasil (Na Alemanha, o aparelho era usado para colocar selo fiscal em bebidas quentes). A Cervejaria Petrópolis, empresa que já utiliza a nova tecnologia, estima que o selo represente 6% do valor de custo do produto, o equivalente a R$ 0,028 por lata. Apesar do custo relativamente alto, os diretores crêem que as vantagens da proteção compensam o investimento. </P><P>De acordo com Rogério Baldauf, diretor da Krones, outras cervejarias já encomendaram as máquinas rotuladoras, mas o executivo não quis revelar quais marcas. Para Rogério Baldauf, o selo realmente valoriza o produto e poderá ser usado para expor as marcas e fornecer informações ao consumidor. Além de servir como forma de marketing, pois o selo poderá ser usado para estampar promoções. “Quando as marcas de bebida em lata patrocinarem algum evento, poderão ser feitas propagandas no selo, diminuindo os custos de uma nova estampa em toda a embalagem”, observou Baldauf.</P>