<P>A Assembléia Legislativa começou a debater as mobilizações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) já no seu segundo dia de sessão após o recesso. Logo após ouvir atentamente as declarações dos deputados Akira Otsubo (PTB) e Zé Teixeira (PFL), coube ao deputado Pedro Kemp (PT) um pronunciamento em defesa dos movimentos sociais como o MST e os Sem Teto, segmentos que segundo o deputado petista estão ajudando o Brasil a resolver o problema da pobreza no campo e cidades, como a falta de moradias e oportunidades de trabalho. </P><P>Citando estimativas que apontam a possibilidade de criação de cerca de 3 milhões de empregos diretos através da agricultura familar, Kemp declarou que somente o agronegócio não é capaz de solucionar a realidade de exclusão da social brasileira; para ele a agricultura familiar é fundamental para a criação dos postos de trabalho para os excluídos que vivem nas cidades diminuindo com isso a violência e a cooptação de setores da sociedade pelo narcotráfico. </P><P>“Ninguém em sã consciência defende a violência no campo. Não é admissível a violência de ambos os lados; apesar do interesse de setores pelo clima de pânico. Consideramos como propício esse momento de mobilizações e de reivindicações dos movimentos sociais para a realização de uma reforma agrária feita com democracia e dentro da lei.” </P><P>No pronunciamento que durou pouco mais de trinta minutos, Kemp se declarou amigo do economista e líder do MST, João Pedro Stédile e classificou como mentirosas as informações que retratam os trabalhadores rurais como uma mobilização de guerrilha e incentivadora da luta armada no campo. </P><P>“As pessoas que forem visitar as instalações do MST irão encontrar sim, posters de Mao (líder chinês); do Che Guevara (herói da revolução cubana); e de Marx (Karl, filósofo alemão). Mas não encontrarão armas ou qualquer proposta que queira pôr fim ao regime democrático”, disse Kemp. Afirmou ainda que o movimento tem essas personalidades como referência teórica na crítica ao modelo capitalista e na defesa de transformações estruturais da sociedade. Quanto ao discurso de Stédile, em Canguçu, disse que é de má fé a divulgação de apenas trechos de sua palestra e que suas palavras ganharam outra conotação. </P><P>“Ele realizou uma palestra de 40 minutos sobre como o Brasil, um dos últimos países do mundo a enfrentar a questão da reforma agrária e que perdeu oportunidades históricas de organizar a propriedade, como a maioria das sociedades modernas e industrializadas fez. Simplificar uma explicação deste nível, onde são colocados dados como o de que temos 26 mil latifundiários que possuem 178 milhões de hectares na manchete de que 23 milhões de pobres vivendo no campo devam travar luta armada contra a propriedade privada é má fé”, afirma o deputado. </P>